Essa pequena casa foi pensada como um objeto concebido e produzido coletivamente dentro do contexto de uma localidade isolada chamada “barra do Bié” na zona rural da cidade Cunha, dentro do bioma da “Mata Atlântica, no estado de São Paulo, no Brasil. A técnica construtiva empregada nesse projeto utiliza um valioso conhecimento dos construtores locais, habituados a fazer suas casas com tijolos, pedra e madeira produzidas em localidades próximas, na mesma região, no mesmo vale. O trabalho da arquitetura aqui foi o de fazer aparecer e tornar claro esse conhecimento local ao engajar construtores, fornecedores e clientes em uma construção que respeita as condições sociais e geográficas desse local.
A localidade de “barra do Bié”, e também a região de Cunha é conhecida pela presença de organizações familiares de construtores muito habilidosos, sobretudo na utilização de materiais de construção tradicionais como o tijolo e a madeira. Pequenas olarias e madeireiras localizadas na região, abrigam organizações de artesãos e trabalhadores que promovem a extração responsável de materiais da natureza. Dessa forma, o desenho da casa promoveu essas atividades locais explorando o conhecimento e qualidade do trabalho dessas pessoas, colaborando para a ativação de uma economia local, desde a mão-de-obra para a construção, na compra de produtos e prestação de serviços.
A decisão em utilizar tijolos, pedra e madeira veio da observação das práticas de construção tradicionais locais. Assim, o desenho da construção privilegiou esse conhecimento, colocando-o em evidência. A opção por utilizar materiais e técnica construtiva tradicional respeita e promove as condições econômicas, de produtividade e consumo consciente de meios. Assim, todos os recursos aplicados na construção passarão a circular na própria comunidade da “barra do Bié” e localidades próximas.
Além de respeitar as condições geográficas locais a partir da implantação da construção e utilizar recursos materiais e mão de obra local, é importante salientar que esse lote foi, no passado, utilizado para a criação de gado e, com esse projeto, o lote 40000 m2 será reflorestado por seus novos ocupantes, reforçando uma mudança de paradigma nos processos produtivos. A energia elétrica utilizada no local é proveniente, como na maior parte dos casos brasileiros, do sistema hidroelétrico. Os recursos de água são captados no próprio lote e utilizados de forma otimizada é responsável.